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Salvador Arena , conheça sua história

  • SBC EM FOCO
  • 19 de jan. de 2017
  • 4 min de leitura

Salvador Arena , conheça sua história

Em 1920, chega ao Brasil o menino Salvador Arena, com 5 anos. A família instala-se em São Paulo e seu pai, Sr. Nicola, monta uma oficina mecânica onde passa a processar sucata de metais. Por essa razão, Salvador Arena passou boa parte de sua infância rodeado por peças e máquinas.

Arena formou-se engenheiro civil aos 21 anos, pela Escola Politécnica da USP, e seu primeiro emprego formal foi na Light, onde trabalhou na implantação do sistema hidrelétrico de Cubatão, um modelo planejado por Billings. Naquele tempo, as máquinas eram todas importadas. Quando quebrava uma peça, não havia outro jeito senão fabricar outra. Por um longo período, Salvador Arena atuou como aquele que desenhava as peças, projetava seus detalhes e mandava fundi-las. O resultado, muitas vezes, era melhor que o original.

Em 1942, com toda sua genialidade e apenas 200 dólares que recebera de indenização da Light, fundou a Termomecanica. Naquela época, a empresa estava voltada para a produção de fornos e equipamentos para padaria. Mais tarde, começou a fabricar fornos de revenimento, ventiladores, trefilas, fornos de fundição, prensas, etc.

Já em meados da década de 50, transferiu a fábrica para um terreno no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo, com produção diversificada de metais não-ferrosos. A época era extremamente promissora, pois o país estava numa transição de economia agrícola para industrial.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, Arena aproveitou a renovação do parque industrial norte-americano e comprou máquinas e equipamentos de segunda mão, como fornos, fresas, tornos e sua primeira extrusora, multiplicando a capacidade de produção a custos incomparáveis, pois modificava e aperfeiçoava os equipamentos.

Gestão Inovadora

Empreendedor arrojado, criou um modelo de gestão próprio, inovador e avançado para a década de 60, que prezava, acima de tudo, seu “valioso capital humano”. Conhecia os funcionários pelo nome e sobrenome, bem como seus familiares, para os quais estendeu benefícios, como cestas básicas com até 60 quilos de alimentos, atendimento médico e odontológico.

A política salarial diferenciada, uma marca da Termomecanica, foi sua criação. Tudo começou em 1948, quando, após um esforço bem-sucedido de produção para atender um grande cliente, Salvador Arena concedeu, espontaneamente, o primeiro prêmio por produtividade. Não havia legislação a respeito de participação nos lucros e remuneração por produtividade, porém a prática incorporou-se à rotina da fábrica e sempre que havia um trabalho especial, os funcionários recebiam um prêmio. Mesmo antes de ser criado o 13º salário, Salvador Arena pagava um adicional no fim do ano. Com o tempo, dependendo do desempenho anual calculado por ele mesmo, o abnegado empresário concedia a participação nos lucros, que chegava a 14, 15 e, às vezes, 17 e até 18 salários no ano. Em um ano excepcional foram pagos 25 salários.

Salvador Arena concretizou a ideia de proteger os funcionários das altas taxas de juros do mercado e criou uma Cooperativa de Crédito, com juros subsidiados, como alternativa de financiamento pessoal. Sabendo que muitos funcionários saíam na hora do almoço para beber num bar próximo da empresa, mandou instalar garrafões de aguardente no refeitório. Resultado: o índice de alcoolismo diminuiu, e a produção aumentou, contrariando as previsões de muitos de seus colegas empresários.

Antes de falecer, em 1998, Salvador Arena havia colocado a Termomecanica em posição de destaque no setor industrial brasileiro, tendo sido classificada entre as maiores indústrias privadas do país, líder no setor de transformação de metais não-ferrosos em produtos elaborados e semielaborados e altamente capitalizada, com um patrimônio líquido avaliado em mais de 800 milhões de dólares.

O Empreendedor Social

O maior sonho de Salvador Arena sempre foi criar uma escola modelo. A vontade era tanta que, no início da década de 60, chegou a montar salas de aula dentro da fábrica. Comprou 150 cadeiras e mesas, que foram colocadas num pavilhão pertencente à fábrica. Contratou os melhores professores de Português, Matemática e Ciências da Fundação Getúlio Vargas e do Mackenzie. Os funcionários encerravam o expediente às cinco da tarde e logo em seguida iniciavam suas aulas. Alguns anos depois, essa escola sairia dos muros da sua fábrica e passaria a atender a comunidade de São Bernardo do Campo e das cidades vizinhas no Colégio Termomecanica.

O sucesso de sua empresa e a prosperidade nos negócios não eram os únicos focos de atenção de Salvador Arena. Dono de uma personalidade crítica, ele encontrava disposição para empreender ações humanitárias, fazendo contribuições generosas para entidades beneficentes, filantrópicas e investir em projetos sociais por ele idealizados.

A Fundação Salvador Arena

Nosso saudoso patrono previu que o tempo seria curto para tantos planos. Pensando nisso, criou a Fundação Salvador Arena, formalmente constituída em 1964, para funcionar como uma espécie de braço social e concentrar esforços para ajudar as pessoas em situação de vulnerabilidade social.

No testamento, lavrado em 1991, instituiu a Fundação como herdeira universal de todo o seu patrimônio. Deixou prescrições expressas nos estatutos de que a Fundação deveria “cooperar e envidar os esforços possíveis para a solução dos problemas de educação e assistência e proteção aos necessitados, sem distinção de nacionalidade, raça, sexo, cor, religião ou opiniões políticas em caráter geral”. Dessa forma, Salvador Arena passou a promover institucionalmente as ações sociais beneméritas que já praticava de forma pessoal. Nesse sentido, suas principais realizações e legados compreendem as seguintes áreas: Educação, Saúde, Assistência Social e Habitação Popular.

Saudades

Salvador Arena morreu na plenitude de seus 83 anos junto aos que mais amava: seu colégio, seus funcionários, suas máquinas, sua fábrica, sua comunidade.

Homem de convicções pessoais embasadas em teorias sociais, enérgico, austero, paternalista, visionário, obstinado, polêmico, sua mola propulsora era acreditar nas pessoas e em suas potencialidades, na dedicação e no amor ao trabalho. Sempre lhe sobrou ousadia, talento e suor para pôr em prática suas ideias ao longo de sua existência. E é assim que será sempre lembrado por todos aqueles que tiveram o privilégio de partilhar de seu convívio. Quando um velho amigo o convidou para fazerem juntos uma viagem ao exterior, Arena foi categórico com seu jeito italiano, gesticulando e apontando para as fábricas:

“Eu sou feliz aqui, por que eu vou sair? Meu mundo é isto aqui.”

Fonte : Cefsa

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